Piolhos (pediculose)

O piolho infecta populações humanas há pelo menos 10 mil anos. É até citado na Bíblia como uma das dez pragas enviadas por Deus para o povo de Israel ser libertado do Egito. 

Em pleno século XXI o parasita ainda é uma realidade mundial

A mais nova aliada para manter a transmissão é a tirada de selfies! Pode parecer loucura, mas um artigo da Universidade de Oxford e do NHS Foundation Trust afirma que as fotos tiradas em conjunto têm aumentado a incidência de piolhos entre os jovens. A proximidade das cabeças ao tirar uma selfie em grupo aumenta as chances de crianças e adolescentes contraírem piolhos.

As estatísticas existentes sobre pediculose no Brasil não demonstram a porcentagem da população infestada. 

Mas para entender a dimensão do problema basta saber que em 2009 foram vendidos 10 milhões de unidades de produtos piolhicidas no país, número com significativa tendência de crescimento nos últimos anos.

EXISTEM TRÊS TIPOS DE PIOLHO QUE PARASITAM O HOMEM: 

PIOLHO DA CABEÇA (Pediculus humanus capitis): 

  • São transmitidos por contato direto com uma pessoa que os tenha;
  • Você pode adquiri-lo, por exemplo, encostando sua cabeça na de outra pessoa;
  • Destaca-se as situações de aglomeração infantil, como escolas e creches.

PIOLHO DO CORPO (Pediculus humanus corporis):

  • Popularmente chamado de ‘muquirana’;
  • São transmitidos em situações de confinamento;
  • Ou por contato com vários outros indivíduos;
  • Pode ser adquirida pelo uso compartilhado de roupas.

PIOLHO DA REGIÃO PUBIANA (Phthirus pubis):

  • Conhecido como ‘chato’;
  • São transmitidos por contato íntimo;
  • Pode ser adquirida por via sexual;
  • Pode infestar também sobrancelhas e cílios.

PIOLHO DO COURO CABELUDO

(Pediculus humanus capitis)

  • Causa uma doença parasitária;
  • É um inseto sugador de sangue que se alimenta das pessoas;
  • Vivem e se reproduzem com rapidez na superfície da pele e dos pelos;
  • Se instala no folículo piloso, na base do cabelo, onde deposita seus ovos- as lêndeas;
  • É transmitido de uma pessoa para outra;
  • São fáceis de visualizar o parasita (piolho) e seus ovos (lêndeas) no couro cabeludo.

LÊNDEAS:

  • São mais comuns;
  • Fáceis de achar;
  • Representam os ovos dos piolhos;
  • Aparenta pontinhos brancos que ficam agarrados aos fios dos cabelos.
  • Os piolhos depositam seus ovos (lêndeas) próximo as raízes dos cabelos, fixando nos pelos com uma substância gelatinosa que produzem, parecida com uma cola que se solidifica em minutos;
  • Os ovos viáveis se camuflam no cabelo da pessoa infectada;
  • O invólucro dos ovos vazios é mais visível porque são brancos.;
  • Muitos chamam de lêndeas tanto os ovos viáveis quanto os invólucros dos ovos vazios;
  • Os ovos são incubados pelo calor do corpo humano e eclodem em 7 a 9 dias;
  • A ninfa deixa o ovo e passa por três estágios até se tornar adulta (entre 9 e 12 dias);
  • Depois de cerca de 1,5 dia após se tornar adulta, a fêmea já pode se reproduzir;
  • Se a infestação não for tratada, o ciclo se repetirá a cada 3 semanas;
  • Um fato interessante acontece em algumas crianças que são pouco sensíveis às picadas dos piolhos (sub-sintomáticas ou assintomáticas). Não manifestam o prurido e acabam tendo grande infestação, servindo de foco de disseminação aos colegas. Outras ao contrário, ficam muito incomodadas quando têm apenas um piolho na cabeça;
  • Diferem da caspa porque ficam grudadas no pelo;
  • Diagnóstico diferencial com piedra branca cuja o agente é um fungo.

PIOLHO:

  • São insetos ápteros (sem asas).
  • É um parasita (ectoparasita);
  • O piolho adulto tem cerca de 0,5 a 8 mm;
  • Tem seis patas e sua cor varia de marrom a branco-acinzentado;
  • O piolho vive em média por três a seis semanas;
  • A fêmea é capaz de se reproduzir mesmo sem cruzamento;
  • A fêmea adulta coloca até 10 ovos por dia (em um mês, cada uma pode dar origem a 300 piolhos!);
  • Os piolhos perfuram a pele do couro cabeludo e sugam seu alimento, o sangue, várias vezes ao dia, injetando no couro cabeludo um pouco de saliva, que tem propriedades vasodilatadoras, anestésicas e anticoagulantes;
  • Consegue sobreviver por mais de 48 horas fora do couro cabeludo do ser humano;
  • É mais comum em crianças;
  • Mais frequente no sexo feminino;
  • O principal sintoma é a coceira;

De tanto coçar, pode provocar pequenos ferimentos na cabeça, atrás das orelhas e nuca. Nessas feridas pode ocorrer infecção secundária, como o impetigo.

É comum o aparecimento de ínguas atrás das orelhas e nuca.

PREVENÇÃO DA PEDICULOSE:

É preciso envolver pais, professores e Centro de Saúde Regional para uma ação coletiva de prevenção e tratamento.

Para haver transmissão é preciso contato direto do cabelo de uma pessoa com o de outra pessoa (cabeça com cabeça) ou contato indireto com objetos infestados.

Evitar o compartilhamento de roupas, toalhas, acessórios de cabelo (bonés, chapéus, arcos de cabelos, prendedores de cabelos, pentes, escovas) e outros objetos de uso pessoal (headfones, roupas de cama).

Quando um membro da família tiver piolho, o resto da família devem ser verificados.

Todos os membros da família que compartilham a mesma cama da pessoa infectada são aconselhados a serem submetidos a tratamento ao mesmo tempo.

O tratamento da pediculose será abordado na próxima matéria.

Link do artigo: https://jornaldaorla.com.br/noticias/48861-piolhos-pediculose/

Sobre a doutora 

Júlia Mendes

Médica Dermatologista e Profª: Dermatologia na faculdade de Medicina FCMS e Especialização da SBD em Estética. Laser, Cirurgia e Beleza.